Mundo
Comitê trumpista da Câmara dos EUA divulga decisões de Moraes para falar em “censura” no Brasil e atacar Biden
Publicado a
9 meses atrásem
Em relatório, deputados do Partido Republicano endossam investida de Elon Musk contra o judiciário brasileiro como forma de desgastar o presidente dos EUA, também acusado de “censura”
O Comitê de Assuntos Jurídicos da Câmara dos Estados Unidos, uma comissão controlada por deputados do Partido Republicano, divulgou um relatório que acusa o Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil de promover “censura” à liberdade de expressão no país por conta de determinações do judiciário relacionadas a publicações no antigo Twitter, atual X. A comissão é presidida pelo republicano Jim Jordan, um apoiador fervoroso do ex-presidente Donald Trump e considerado um expoente da extrema direita norte-americana.
O relatório, intitulado “O ataque à liberdade de expressão no exterior e o silêncio da administração Biden: o caso do Brasil”, vem na esteira dos ataques e ameaças feitas pelo dono do X, o bilionário Elon Musk, ao ministro Alexandre de Moraes e à Justiça brasileira. Segundo o documento, em 2019, o STF teria concedido a si próprio “novos poderes para atuar como investigador, promotor e juiz ao mesmo tempo em alguns casos”.
O texto aponta que Moraes, com esses “novos e extraordinários poderes”, teria atacado críticos, divulgando decisões do ministro que estavam sob sigilo. Trata-se de um endosso à estratégia de Elon Musk, que alega existir uma “ditadura do judiciário” no Brasil, em consonância com bolsonaristas.
A maior parte das decisões de Moraes divulgadas no relatório dos deputados norte-americanos são ordens, fundamentadas em investigações, a plataformas de redes sociais, como o X, determinando a remoção de postagens e suspensão de perfis de extremistas investigados em inquéritos, como o das milícias digitais, e acusados de incitar a violência e golpe de Estado, espalhar informações falsas e fazer ameaças contra autoridades.
Os deputados republicanos ainda colocam ex-presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores como vítimas, fazendo referência direta ao recente conflito entre Elon Musk e o judiciário brasileiro. O documento é, na verdade, uma forma de atacar o presidente dos EUA, Joe Biden, que segundo os parlamentares trumpistas também promoveria “censura” no país. Além disso, o relatório cita outros países que, como Canadá e França, que segundo esses congressistas também praticariam “censura” e, por isso, as informações contidas no documento deveriam servir de “alerta” para os EUA.
O Comitê de Assuntos Jurídicos da Câmara dos EUA não tem poder algum para tomar decisões no país, muito menos para dar ordens ao judiciário brasileiro, e serve apenas para fazer sugestões ao Congresso e analisar projetos, tal como ocorre com as comissões nas casas legislativas do Brasil.
Até o momento da publicação desta matéria o ministro Alexandre de Moraes não havia se pronunciado sobre o relatório do comitê dos EUA que o acusa de “censura”. O espaço está aberto para eventual manifestação.
Contexto
Na última segunda-feira (15), o mesmo Comitê Judiciário da Câmara dos Deputados dos EUA pediu para que a X Corp, gestora da plataforma naquele país, entregasse os conteúdos dos e-mails trocados entre o escritório brasileiro do X e o STF.
Divulgados a partir de 3 de abril pelo jornalista de extrema direita Michael Shellenberger, essas trocas de e-mail ganharam a alcunha de “Twitter Files Brazil”. Nos dias subsequentes ao início divulgação, que contou com fake news do autor e acusações de que Moraes estaria ‘censurando’ bolsonaristas, Elon Musk resolveu entrar na jogada.
Fez postagens afirmando que não cumpriria decisões do STF e que recolocaria no ar uma série de perfis retirados por ordem judicial. No fim das contas, tudo o que conseguiu foi ser incluído no inquérito das milícias digitais.
A X Corp confirmou que atendeu ao pedido da Câmara dos Deputados dos EUA e enviou um parecer à mesma. A plataforma, ao contrário das insinuações de que não cumpriria decisões no Brasil, respondeu prontamente aos parlamentares americanos.
“A X Corp foi formalmente intimada pelo Comitê Judiciário da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos a fornecer informações sobre as ordens do Supremo Tribunal Federal do Brasil em relação à moderação de conteúdo. Para cumprir suas obrigações de acordo com a legislação dos EUA, a X Corp respondeu ao Comitê”, diz a publicação do X Corp.
O bilionário Elon Musk, que além do X também é dono da Tesla, da SpaceX e mantém negócios com mineradoras, comentou o episódio no seu perfil. Em frase confusa, diz que Moraes estaria obrigando sua plataforma a ‘participar de corrupção’ para violar leis brasileiras.
“As leis dos Estados Unidos impedem o X de participar de corrupção que viole as leis de outros países, que é o que Alexandre de Moraes está exigindo que façamos”, escreveu Elon Musk.
Entenda
A escalada dos ataques de Musk às instituições brasileiras teve início no dia 6 de abril, quando ele respondeu a uma postagem de Moraes na rede X, questionando o motivo pelo qual o ministro “determina tanta censura no Brasil”. A partir de então, o playboy megalomaníaco intensificou os ataques e passou a afirmar que o país vive uma ditadura, além de questionar a legitimidade da eleição de Lula.
Musk ainda afirmou que reativaria todos os perfis na rede X que tinham sido suspensos ou bloqueados por determinação da Justiça brasileira. As contas em questão são de extremistas que cometeram crimes e investigados pelo STF nos inquéritos das milícias digitais e dos atos golpistas em 8 de janeiro de 2023 – entre eles o blogueiro Allan dos Santos, que hoje vive nos Estados Unidos e é considerado foragido por ser alvo de uma ordem de prisão.
Diante das provocações, ataques e ameaças, Moraes incluiu Elon Musk como investigado nos inquéritos das milícias digitais e da tentativa de golpe de Estado no Brasil. Em seu despacho, o ministro alegou que o bilionário incorre em obstrução à Justiça e incitação ao crime.
Você pode gostar
Justiça determina distribuição da relatoria da Overclean a Flávio Dino
Alemanha acusa Musk de interferir em eleições do país após bilionário apoiar candidata de extrema direita
Emendas parlamentares: tensão pela espera da decisão de Dino
Maioria do STF vota por manter símbolos religiosos em órgãos públicos
Câmara aprova texto final de projeto que muda as regras para emendas
Argentina manda prender 61 brasileiros do 8/1 que pediram asilo
escape Rooms hub
5 de julho de 2024 no 08:24
Very nice post and right to the point. I don’t know if this
is actually the best place to ask but do you folks
have any ideea where to employ some professional writers?
Thanks 🙂 Lista escape room