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Meio Ambiente

Pacotão de consultas públicas aquece turbina para criação e ampliação de UCs

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ICMBio divulga para consulta à sociedade civil propostas para criar dez novas unidades de conservação em seis estados e para ampliação da APA Costa dos Corais

A menos de dois meses do Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado 5 de junho, o governo federal aquece as turbinas com um pacotão de consultas públicas para criação e ampliação de unidades de conservação (UCs). Até esta quinta-feira (17), um total de 11 propostas foram anunciadas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), referentes a dez novas unidades de conservação nos estados do Amapá, Bahia, Pernambuco, Ceará, Paraná e Minas Gerais; e à proposta de ampliação da Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais, situada no litoral entre Alagoas e Pernambuco.

A consulta pública é uma etapa fundamental no processo de criação e/ou redefinição de limites de uma unidade de conservação. É neste momento, que a sociedade, de modo geral, tem a chance de compreender a proposta e se manifestar com sugestões ou críticas. Estudos e mapas das propostas de cada um dos processos em consulta podem ser acessados no site do ICMBio.

Novas Reservas de Desenvolvimento Sustentável

As primeiras do lote, a proposta para criação das Reservas de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Faxinal Bom Retiro e Faxinal São Roquinho, ambas no município de Pinhão, no Paraná, já teve sua consulta pública realizada nesta terça. As duas reservas, que protegem cerca de 2,8 mil hectares de Mata Atlântica, foram uma demanda de comunidades tradicionais que vivem em faxinais na região e há cerca de 20 anos lutam pela proteção do seu modo de vida.

Outra RDS cuja discussão está na mesa é a Córregos Tamanduá-Poções-Peixe Bravo, nos municípios mineiros de Riacho dos Machados, Serranópolis e Rio Pardo de Minas. Estão previstas duas consultas, nos dias 25 e 26 de abril, no Quilombo Peixe Bravo e na comunidade de Córrego Verde, respectivamente. A proposta de criação da reserva partiu das próprias comunidades geraizeiras e quilombolas, que vivem da agricultura familiar, do extrativismo de frutos nativos e da criação de animais.

Conforme o estudo apresentado pelo ICMBio, a RDS abrangeria uma área total de 69.733 hectares, a maior parte em domínio do Cerrado, mas uma pequena parte de Mata Atlântica e transição para Caatinga. Além da diversidade da fauna e flora, o estudo destaca o número considerável de cavernas que seriam protegidas pela criação da UC.

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Proposta de quatro novas UCs no Amapá

O estado do Amapá concentra um total de quatro propostas para criação de unidades de conservação que serão debatidas ao longo das próximas semanas. Todas são reservas extrativistas (resex) marinhas que visam formar um cinturão de proteção ambiental no litoral amapaense e fortalecer os direitos das populações tradicionais ao longo do território, assim como a sustentabilidade da pesca artesanal.

Ao todo as quatro reservas extrativistas – Flamã, nos municípios de Oiapoque e Calçoene; Goiabal, em Calçoene; Amapá-Sucuriju, no município de Amapá; e Bailique, em Macapá – somarão mais de 1,3 milhão de hectares de proteção aos ecossistemas costeiros e marinhos, que incluem também manguezais e lagos.

Cada uma das propostas será debatida individualmente nos respectivos municípios. A Resex Flamã, nos dias 30 de abril e 7 de maio, em Oiapoque e Calçoene, respectivamente. Já a Resex Bailique será debatida na capital do estado no dia 3 de maio. A Resex Amapá-Sucuriju, no dia 5 de maio, no município de Amapá. E a Resex Goiabal, no dia 7, em Calçoene.

“A região costeira amapaense abriga uma expressiva diversidade ecológica, sociocultural e econômica que, diante de pressões crescentes — como a pesca industrial ou predatória, o avanço desordenado da pecuária bubalina, o assoreamento dos rios e a contaminação por mercúrio —, demanda mecanismos de proteção e manejo participativo que garantam sua integridade ecológica e a permanência dos modos de vida tradicionais”, detalha trecho do estudo apresentado pelo ICMBio.

Resex também na Bahia e em Pernambuco

Outras duas reservas extrativistas estarão em debate nas próximas semanas.

Na Bahia, o foco é na proposta de criação da Resex Marinha de Itacaré, no município baiano de mesmo nome. A unidade de conservação tem como objetivo proteger os ecossistemas marinhos e assegurar os modos de vida das comunidades caiçaras que dependem da pesca. A consulta está prevista para o dia 6 de maio em Itacaré.

Já em Pernambuco, as discussões serão em torno da Reserva Extrativista Rio Formoso, com desenho sugerido de 2.240,94 hectares no litoral do estado, em área de Mata Atlântica.

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A consulta pública para debater a unidade de conservação está marcada para o dia 6 de maio, no município de Tamandaré.

Um refúgio para o soldadinho-do-araripe

O ameaçado soldadinho-do-araripe (Antilophia bokermanni), pequeno pássaro que vive apenas na Caatinga cearense, pode ganhar um refúgio para ajudar sua conservação. O principal fator de ameaça ao soldadinho é justamente a perda e fragmentação de habitat.

A criação do Refúgio de Vida Silvestre do Soldadinho-do-Araripe, em Crato, no Ceará, tem o objetivo de proteger e recuperar parte do habitat da espécie, que está restrito à região da Chapada do Araripe, no interior do estado.

A consulta para debater o refúgio federal está marcada para o dia 7 de maio no município.

Ampliação da APA dos Corais

No litoral, entre os estados de Alagoas e Pernambuco, a extensão de 89,2 mil hectares da Área de Proteção Ambiental (APA) Costa dos Corais é o objeto da consulta. A área protegida, criada em 1997, abrange pouco mais de 400 mil hectares da zona marinha-costeira e, com a ampliação, chegaria a 495.534,9 hectares.

O novo desenho passaria a incluir a quebra da plataforma continental, onde ocorre uma brusca mudança de declividade oceânica. A faixa adicional é considerada fundamental para proteger locais de reprodução de peixes e a criação de um corredor ecológico da costa até os ambientes oceânicos mais profundos.

As consultas públicas estão marcadas para o dia 29 de abril, em Maceió (AL), e no dia 30, em Tamandaré (PE).

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Pacotão

A expectativa é que sejam lançadas ainda outras três consultas relacionadas às UCs até a segunda semana de maio, totalizando 13 propostas de criação e ampliação de unidades de conservação pelo país.


Fonte: ECO

Meio Ambiente

cordo de Paris completa 10 anos sob alerta da ONU: Mundo está longe da meta de 1,5 graus Celsius

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rincipal tratado climático global, adotado na COP21 em 2015, é elogiado por ter desviado a trajetória de aquecimento para 2,5 graus Celsius (antes 4 graus Celsius), mas o IPCC alerta que as emissões precisam cair 43% até 2030 para manter a meta crítica de 1,5 graus Celsius ao alcance.


O Acordo de Paris, o tratado internacional fundamental para enfrentar a crise climática, celebrou 10 anos nesta sexta-feira (12). Adotado na COP21 em 2015, o pacto global é reconhecido como um marco histórico, mas a organização das Nações Unidas (ONU) alerta que a humanidade permanece distante de cumprir a meta de limitar o aquecimento global a 1,5 graus Celsius.

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) indica que, para manter esse objetivo ao alcance e evitar impactos severos e potencialmente irreversíveis, as emissões globais devem cair 43% até 2030. Os países enfrentam pressão para reforçar suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) e acelerar a transição para economias de baixo carbono.

Trajetória Global Melhorou, mas a Ação Precisa Ser Mais Rápida

O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que o Acordo de Paris está funcionando, mas a ação climática precisa ser “mais rápida”. Ele destacou que os últimos dez anos foram os mais quentes já registrados.

“No entanto, graças ao Acordo de Paris, não estamos mais no caminho para um aquecimento superior a 4 graus Celsius — um cenário insustentável. Em vez disso, a trajetória global está mais próxima de 2,5 graus Celsius,” complementou Guterres, ressaltando que a união dos países na COP30, em Belém, demonstrou esperança.

O embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30, corroborou que o tratado foi decisivo para “destravar” a ação climática, tirando o mundo de uma trajetória inicial de cerca de 4 graus Celsius para 2,5 graus Celsius, mas enfatizou que muito precisa ser feito para evitar a ultrapassagem do limite de 1,5 graus Celsius.

Funcionamento do Acordo e Transparência

Adotado por 195 estados Partes e em vigor desde 2016, o Acordo de Paris estabeleceu um compromisso global e vinculativo. O mecanismo funciona em ciclos de cinco anos, nos quais cada país apresenta ou atualiza suas NDCs. Os documentos abrangem a redução de emissões, estratégias de adaptação e diretrizes de longo prazo para a neutralidade de carbono.

A cooperação internacional é um pilar do acordo, especialmente para apoiar países em desenvolvimento. O tratado prevê o Quadro de Transparência Reforçado, que, desde 2024, obriga as partes a reportarem ações, avanços e apoios. Esses dados alimentarão o balanço global, que avalia o progresso coletivo rumo às metas.

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Com informações:  Agência Brasil

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Brasil

Exploração madeireira em Florestas Nacionais na Amazônia ameaça território e cultura do povo Munduruku

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O povo Wuyjuyũ (conhecido como Munduruku), da bacia do Rio Tapajós, na amazônia brasileira, enfrenta ameaças crescentes aos seus territórios e modos de vida. A criação de florestas Nacionais (Flonas), como a Flona do Crepori, destinadas à conservação e exploração comercial, entra em conflito direto com o uso tradicional da terra e facilita a atividade de garimpo ilegal, contrariando o direito ao consentimento livre, prévio e informado (CLPI) dos Munduruku.


Conflito: Conservação de Mercado vs. Território Tradicional 🌳

As Flonas são unidades de conservação de uso sustentável que permitem a exploração madeireira comercial sob concessão do serviço Florestal Brasileiro (SFB). A Flona do Crepori, criada em 2006, sobrepõe-se a locais sagrados, antigas aldeias (agõkabuk) e áreas de uso tradicional dos Munduruku, que se estendem para além dos limites de sua terra indígena (TI) oficialmente demarcada.

  • Oposição Indígena: As associações Munduruku denunciam a comercialização da floresta, se opõem à exploração madeireira, à mineração e aos esquemas de crédito de carbono.

  • CLPI Negado: Os Munduruku tiveram seu direito ao CLPI negado em relação aos planos florestais, o que permitiu o leilão de grandes faixas da Flona do Crepori para extração regulamentada.

  • Impacto no Modo de Vida: A concessão proíbe atividades tradicionais como pesca, caça e coleta em uma área que é seu território ancestral, forçando os guerreiros a “caminhar cada vez mais longe e voltar sem nada”.

Privatização da Floresta e o Garimpo Ilegal ⚠️

O leilão das unidades de Manejo Florestal (UMF) II e III dentro do Crepori para a empresa Brasad’Oc Timber em 2014 foi judicialmente paralisado em 2016 e retomado em julho de 2023. A justificativa para a retomada era que a exploração madeireira ajudaria a combater o garimpo ilegal, mas pesquisas de campo mostram o contrário.

  • Conexão Ilegal: Garimpeiros relataram que as estradas de acesso às minas foram abertas para a exploração madeireira. A atividade madeireira facilitou o acesso para o garimpo ilegal, cujas áreas de exploração seguem o curso do rio e as estradas abertas pela madeireira (ver figura 3).

  • Poluição: O garimpo ilegal poluiu o Rio Crepori com mercúrio, que contamina a água, envenena os peixes, prejudica áreas de desova e entra na cadeia alimentar, causando o desaparecimento dos estoques pesqueiros.

  • Conclusão da Pesquisa: As evidências mostram que estratégias de conservação baseadas no mercado e na privatização não eliminam atividades ilegais. Pelo contrário, o desenvolvimento de infraestrutura madeireira facilita atividades ilícitas, abrindo novas rotas de acesso em florestas antes remotas.


Com informações:  Diplomatique

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Justiça

STF encerra sustentações e adia decisão sobre ações que contestam o marco temporal

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Após dois dias de manifestações de entidades indígenas, ruralistas e órgãos públicos, o julgamento da lei 14.701/2023 foi suspenso; a nova fase de votos será iniciada pelo ministro Gilmar Mendes

O supremo Tribunal Federal (STF) encerrou as sustentações orais nas quatro ações que discutem a constitucionalidade da lei 14.701/2023, conhecida como a lei do marco temporal, que estabelece novos critérios para a demarcação de terras indígenas no brasil. Após dois dias de intensas manifestações de partes e terceiros interessados, o julgamento foi suspenso sem data definida para retorno à pauta.

As sessões foram marcadas por fortes argumentos de ambos os lados.

  • Defesa Indígena e Socioambiental: Entidades indígenas e socioambientais argumentaram que o marco temporal fragiliza a proteção constitucional das terras tradicionalmente ocupadas e ignora os ciclos históricos de violência e expulsão. Alertaram que a legislação pode ampliar conflitos fundiários, incentivar ocupações irregulares e abrir caminho para atividades de alto impacto ambiental, especialmente na Amazônia.

  • Setor Ruralista: Representantes do setor ruralista defenderam que a lei visa garantir segurança jurídica e definir parâmetros objetivos para o processo demarcatório, reduzindo a judicialização das disputas. Sustentaram ainda que a legislação preserva salvaguardas essenciais, como a proteção de povos isolados e mecanismos de compensação territorial.

Os ministros também ouviram manifestações de partidos políticos, da Advocacia-Geral da União e da Procuradoria-Geral da República. O foco do debate é a compatibilidade da lei 14.701/2023 com o artigo 231 da Constituição Federal, que assegura o direito originário dos povos indígenas às terras tradicionalmente ocupadas. A próxima etapa do julgamento será aberta com o voto do ministro Gilmar Mendes, relator das ações.


Com informações: Karina Pinheiro, ECO

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