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Tragédia sulista é também ecológica
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A enxurrada tragou imóveis, equipamentos e estradas em áreas protegidas e ampliou risco de animais e plantas serem extintos
Parques e outras áreas protegidas foram igualmente atingidos pela enxurrada histórica no Rio Grande do Sul. Protegidas pelo poder público federal, estadual e municipal, elas mantêm ambientes traçados pela natureza, animais e plantas nativos, ajudam a controlar as cheias e outros serviços coletivos.
“Banhados e outras áreas naturais, dentro e fora de unidades de conservação, acumulam e filtram a água e a liberam lentamente aos rios. É um serviço ambiental de primeira ordem, sobretudo em catástrofes”, lembra Alexandre Krob, coordenador Técnico e de Políticas Públicas do Instituto Curicaca.
As florestas nacionais de Canela e de São Francisco de Paula foram das unidades federais de conservação mais prejudicadas. Estradas, pontes e casas estão comprometidas. Os parques nacionais da Serra Geral e dos Aparados da Serra sofreram deslizamentos de terra e bloqueio de vias.
Unidades de conservação como a Área de Proteção Ambiental (APA) do Ibirapuitã, no oeste gaúcho, teriam sido menos impactadas, mas no sul a enxurrada afetou o Parque Nacional da Lagoa do Peixe e a Estação Ecológica do Taim, outros grandes abrigos de biodiversidade.
Nas reservas atingidas será necessário reformar telhados, paredes, fossas e outras estruturas de imóveis, remover árvores perto da rede elétrica, repor móveis e equipamentos como máquinas de lavar, microondas e roçadeiras. Os custos ainda não foram totalmente estimados.
“Temos monitorado e atuado nas unidades de conservação, enquanto especialmente prefeituras e Defesa Civil, no sentido da reconstrução e adequação de estradas”, conta Walter Steenbock, doutor em Ciências pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e gerente da Região do Sul no ICMBio.
A autarquia federal está de olho na situação desde o fim de abril, quando a enxurrada já dava sinais de sua força e alcance recordes. Servidores, barcos, carros e o navio de pesquisas Soloncy Moura foram acionados. As equipes ajudam a doar alimentos, roupas e remédios às vítimas.
Entre as 24 unidades de conservação gerenciadas pelo governo gaúcho, as mais atingidas estão na Região Metropolitana e municípios vizinhos de Porto Alegre, onde há quantidade colossal de água acumulada. A lista tem os parques de Itapuã e do Delta do Jacuí, além do Parque Municipal do Lami. “Áreas como essas alagaram muito mais do que o usual, com as cheias corriqueiras dos rios”, avalia Krob, do Instituto Curicaca.
Ao mesmo tempo, mais de 1.300 famílias de etnias indígenas como Guarani Mbyá, Kaingang, Xokleng e Charrua, além de quilombos como São Roque e Povo dos Peraus foram vitimados. Até agora, 67 aldeias em 35 municípios foram atendidas pela Articulação Indigenista no estado.
Um movimento formado por 17 entidades civis e servidores públicos alerta que faltam recursos para todos, seja durante ou na recuperação da calamidade.
“Quando as águas começarem a baixar e a solidariedade que move as ações de apoio não for suficiente para atender todas as demandas, é imprescindível que o poder público tenha ocupado seu devido lugar, assumindo suas obrigações”, alerta uma carta pública do movimento.
Fauna submersa
Há 280 espécies animais e 600 de plantas sob risco de sumirem do mapa no Rio Grande do Sul, inúmeras em meio às áreas afogadas pela enxurrada. A situação de ambos os grupos poderá ser mais bem conhecida apenas quando as águas baixarem.
Um deles são os cervos-do-pantanal abrigados no entorno de Porto Alegre. Os animais buscam áreas mais altas quando as águas passam dos 40 cm. Com as cheias, parte dos animais pode ter deixado a APA do Banhado Grande rumo ao Refúgio de Vida Silvestre Banhado dos Pachecos e fazendas.
“Isso os deixa ainda mais suscetíveis a ataques de cães e caçadores, pois a cheia facilitou seu acesso às unidades estaduais de conservação”, ressalta Alexandre Krob, do Instituto Curicaca. A ong também avalia a situação de espécies como o sapinho-admirável-de-barriga-vermelha, que pode ter sido varrido pelo aguaceiro do Rio Forqueta, na Serra gaúcha.
Além do drama das espécies ameaçadas, até agora quase 13 mil cães, gatos, coelhos e aves, sobretudo domésticos, foram resgatados e tratados por entidades como Defesa Civil, ICMBio e voluntários do Grupo de Resposta a Animais em Desastres (GRAD).
A água subiu a quase 2 metros na superintendência do Ibama e seu Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) na capital gaúcha, mas o mesmo segue recebendo animais silvestres num espaço cedido no Jardim Botânico de Porto Alegre.
Cerca de 40 aves e mamíferos como gambás estão lá abrigados. Outros espécimes foram repassados ao Hospital Veterinário da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e à Toca dos Bichos, ambos em Porto Alegre, e à Quinta da Estância, em Viamão.
No vídeo abaixo, o analista ambiental, médico veterinário e chefe do Cetas do Ibama na capital gaúcha, Paulo Wagner, compartilha a realidade do trabalho para resgatar animais silvestres e domésticos e a população em meio às cheias que afligem o estado.
Fato Novo com informações e imagens: Jornalismo Eco
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20 de outubro de 2024 no 14:31
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